A coragem de olhar para dentro: o que acontece quando paramos de fugir de nós mesmas
- Vitória Zanelli
- 24 de jul.
- 2 min de leitura
Existe um certo romantismo em torno da ideia do autoconhecimento. É como se ele fosse um caminho florido, leve, sem imperfeições. Um caminho só de beleza, harmonia, onde a cada passo, a gente se descobre cada vez mais incríveis, especiais, puras. Um lugar somente de luz e paz!
Mas e se, ao olhar pra dentro, o que aparecer for... sombra?
Egoísmo? Raiva? Ciúme? Controle? Medo disfarçado de fé? E se o que mora dentro de nós não for nem de longe tão bonito quanto imaginávamos?
Pois é aí, que começa o verdadeiro encontro. Não no que você gostaria de ser. Mas no que você realmente é.
Não se trata de uma autocrítica cruel. Trata-se de um olhar maduro, sem filtros, sem máscaras. Uma disposição honesta de se perguntar: o que em mim ainda está tentando sobreviver?
Porque muitas dessas partes que hoje parecem feias, desajustadas ou até mesmo “pecaminosas” — são apenas fragmentos de histórias não curadas. São mecanismos de defesa que nasceram onde o amor faltou.
E não, isso não te define. Mas precisa ser acolhido, cuidado, antes de ser transformado.
A verdade é que, às vezes, o nosso “eu verdadeiro” nem sempre é bonito de ver. Às vezes, ele é inseguro, ciumento, vingativo, controlador. E negar isso só prolonga o sofrimento. Já reprimir é manter preso. Enquanto que reconhecer é abrir a porta para a começo da cura, da reconstrução.
Aceitar o que em você foi moldado pela dor, não é dizer sim para a permanência do sofrimento. É, na verdade, o início da cura. Porque não se transforma o que não se nomeia. E não se nomeia o que se evita sentir.

Talvez você não seja tão boazinha quanto achava. Talvez você tenha aprendido apenas a sobreviver. Talvez, no fundo, ainda existam partes suas que não confiam em ninguém — nem mesmo em Deus.
E tudo bem. Esse texto não é pra te condenar. Mas para te convidar....
Porque no fim, não é sobre ter todas as respostas —é sobre ter coragem de não se abandonar no processo.
É escolher a verdade, mesmo quando ela é desconfortável.
Isso é maturidade.
Isso transforma.
Isso muda tudo.
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